<
Inter de Lages

Patrick Cruz

O Inter dá samba
Marcos Lima chegou a Lages no início de 1986 para reforçar o ataque colorado, que havia perdido Calada e Vacaria, dois dos principais destaques da equipe na temporada anterior. Formado nas categorias de base do Vasco e tricampeão capixaba pela Desportiva Ferroviária, o ponta esquerda apropriou-se da camisa 11 do Internacional de Lages.

Foi um bom reforço, não havia dúvida, mas a estrela da companhia, todos sabiam, continuava a ser Jurandir. Aos 34 anos, o veterano, que defendeu o Grêmio entre 1978 e 1981, estava na reta final de sua carreira, mas ainda jogava muita bola.

Jogador esperto respeita hierarquia. Cada time entra em campo com 11 atletas, e, em tese, são todos iguais, cada um tem uma função a cumprir, mas o craque vira autoridade, mesmo sem insígnia. Aos 25 anos, o carioca Marcos Lima já não era mais um novato. Ele entendia muito bem essa regra não escrita.

Sagaz e bom jogador, Marcos Lima defendeu o Inter de Lages por três temporadas, de 1986 a 1988, quando decidiu encerrar precocemente sua carreira no futebol para perseguir outra de suas paixões: a música. O atacante pôs a viola debaixo do braço, voltou para o Rio de Janeiro e saiu dos campos para subir nos palcos, onde está até hoje.

Mas o futebol, e o Internacional de Lages, seguiram na vida artística do ex-boleiro. A passagem pelo clube até virou samba.

Em sua roupagem artística, Marcos virou Marcus Lima, autor de “Jurandir”, canção em que o cantor e compositor usou sua relação com o craque colorado para fazer arte. A música está no disco “Marcus Lima”, lançado em 2008.

“Quando cheguei (ao Inter), eu era o cara de 25 anos e o Jurandir, com mais de 30, era o veterano que dava as instruções, ‘toca rápido’, isso e aquilo”, contou o ex-ponta esquerda em entrevista recente ao podcast “Conversa de Dono”. “Nós fomos nos entrosando, ele viu que dava pra evoluir, mas eu fiz a música mudando os papéis, como se ele fosse o aprendiz e eu, o que dava ordens”.

E, assim, o vermelho se fez canção:

Solta essa bola, faz um-dois, Jurandir!

O jogo é duro pra nós dois, e você
Não vem de salto alto agora
Bota no chão, não se apavora

Fica na frente, não demora
Volta, desarma e dá pra mim

Faz a bola rolar
Deixa o sol esfriar

E a torcida esquecer

Quando a hora chegar

Vai no fundo e cruza

Que eu vou lá definir

Charles Gauche brilha no Pan-Americano 2025 e garante vaga para o Mundial Anterior

Charles Gauche brilha no Pan-Americano 2025 e garante vaga para o Mundial

Patrick Cruz Próximo

Patrick Cruz

Deixe seu comentário