Atlas da Notícia registra nova redução de desertos noticiosos no Brasil |
Projeto colaborativo que mapeia o jornalismo local no Brasil mostra que 208 municípios deixaram de ser desertos de notícias nos últimos dois anos, a maioria no Nordeste
Nos últimos dois anos houve uma redução de 7,7% no número de desertos de notícias no Brasil. Nesse período, mais 208 municípios brasileiros passaram a contar com ao menos um veículo de comunicação local servindo a sua população. Os dados fazem parte dos resultados da sétima edição do Atlas da Notícia que estão sendo divulgados nesta quinta-feira, 10 de julho, durante o Congresso da Abraji.
A maior expansão se deu no Nordeste. A região incorporou 283 novas iniciativas à base de veículos do Atlas, um crescimento de 10,96% em relação ao último censo (2023), e 143 municípios nordestinos deixaram de ser considerados desertos de notícias.
O Nordeste ainda é, em números absolutos, a região com maior número de desertos, com 890 municípios sem registro de jornalismo local, o que equivale a 49,61% do número total de municípios. Proporcionalmente, no entanto, é o Sudeste que ocupa a última posição, com 830 municípios considerados desertos noticiosos, o que equivale a 49,76% do número total de municípios da região.
O crescimento também se deve ao surgimento de novas iniciativas online. O segmento digital teve um crescimento de 8,9% no país, ampliando de 5.245 (2023) para 5.712 o número de veículos mapeados. Desses, 1.856 (32,5%) são iniciativas individuais ou blogs.
A expansão só não foi maior por conta do número de veículos online que encerraram suas atividades. O Atlas já detectou o fechamento de 651 veículos do segmento desde 2020 - 334 desde o último censo, em 2023.
Das 5.570 localidades mapeadas, em 2.504 os pesquisadores do Atlas não encontraram jornalismo local em atividade. Nesses municípios vivem aproximadamente 20,66 milhões de pessoas, o que equivale a 10,2% da população brasileira. Em cada 20 municípios brasileiros, nove são desertos de notícias.
A base do Atlas da Notícia conta com 14.809 veículos jornalísticos em atividade no Brasil. Além dos 5.712 veículos online, a base também registra 4.994 rádios, 2.852 meios impressos e 1.251 emissoras de televisão.
Os dados do Atlas são coletados por centenas de colaboradores voluntários, professores, pesquisadores e estudantes sob a orientação de cinco pesquisadores regionais: Jéssica Botelho (Norte), Angela Werdemberg (Centro-oeste), Mariama Correia (Nordeste), Dubes Sônego (Sudeste) e Marcelo Crispim da Fontoura (Sul).
Pesquisadores e demais usuários dispõem de uma API (Interface de Programação de Aplicações) que dá acesso a todos os dados da base. E desde a última edição, acadêmicos, pesquisadores e jornalistas têm acesso exclusivo a uma plataforma que possibilita o cruzamento das informações do Atlas com diversas outras bases de dados públicos.
“Os dados do Atlas da Notícia de 2025 mostram duas tendências principais: a contínua substituição de veículos impressos por digitais e o nascimento de pequenas iniciativas jornalísticas, mesmo que blogs ou veículos puramente de redes sociais, em antigos desertos de
notícias”, disse Sérgio Spagnuolo, coordenador de dados do Atlas da Notícia e diretor do Volt Data Lab, parceiro técnico do Projor desde o lançamento do projeto, em 2017.
Para o presidente do Projor e coordenador geral da pesquisa, Sérgio Lüdtke, “os dados do Atlasda Notícia servem como um retrato do estado do jornalismo local no país, permitindo perceber os movimentos, os aumentos e recuos da cobertura jornalística nos territórios, além de identificar os modelos de organização que povoam o ecossistema de notícias no país”.
"O Atlas da Notícia continua sendo uma das fontes mais importante de dados e informações sobre o ecossistema jornalístico brasileiro. A partir do cruzamento de informações do Atlas e outros estudos relevantes o Google desenha iniciativas e parcerias que buscam o crescimento e o desenvolvimento das empresas de notícias na era digital", disse Marco Túlio Pires, gerente de parcerias estratégicas para a indústria de notícias do Google no Brasil.
A sétima edição do Atlas da Notícia foi realizada com financiamento do Google e contou comapoio institucional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), da Associação Brasileira de Ensino em Jornalismo (ABEJ) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor).
Os relatórios de cada região e outros dados do censo estão disponíveis no site atlas.jor.br e no Observatório da Imprensa.
O Projor - Instituto Para o Desenvolvimento do Jornalismo foi criado pelo jornalista Alberto Dines em parceria com o Labjor da Unicamp, em abril de 2002. É uma entidade civil sem fins lucrativos não-governamental, pluralista e apartidária. Além do Atlas, o Projor também coordena projetos como o Observatório da Imprensa, o Codesinfo e o Programa de Indicadores de Compromissos com o Público.
O Volt Data Lab é uma agência de dados e tecnologia aplicada ao jornalismo que ajudou a desenvolver e mantém o Atlas da Notícia desde seu início, em 2017.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) é uma entidade dedicada ao aprimoramento profissional dos jornalistas, à difusão dos conceitos e técnicas da reportagem investigativa, à defesa do direito de acesso a informações pública e da liberdade de expressão.
A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) é uma instituição sem fins lucrativos, destinada ao fomento e à troca de conhecimento entre pesquisadores e profissionais atuantes no mercado e que estimula o desenvolvimento de produção científica tanto de alunos da graduação quanto de mestres, doutores e professores de universidades brasileiras e do exterior.
A Associação Brasileira de Ensino em Jornalismo (ABEJ), antigo Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, é uma organização que reúne professores, pesquisadores, profissionais e estudantes de jornalismo em torno da defesa da qualidade do ensino e da formação em jornalismo.
A Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) é uma entidade que busca agregar estudiosos de uma área específica do conhecimento e tem como propósito estimular a articulação de uma rede nacional de pesquisadores em jornalismo a fim de que se possa constituir um lugar privilegiado, tanto para a apresentação de trabalhos, quanto para a formação de redes para pesquisas específicas.
Mais Pelo Jornalismo
Uma Iniciativa do I’Max para colaborar com o financiamento da imprensa livre
Fernanda Lara, CEO da I'Max e idealizadora do projeto Mais pelo Jornalismo - MPJ, é uma das palestrantes do Congresso Internacional de Jornalismo investigativo. Entre os temas que a empresária deverá abordar está o projeto Mais Pelo Jornalismo (MPJ), que consiste em entregar para portais de notícias de todo o Brasil, um pacote tecnológico com o objetivo principal de aumentar a audiência desses veículos de comunicação.
"Ajudamos a mídia a melhorar a rentabilidade ao mesmo tempo que economiza com infraestrutura e programação. Garantimos cibersegurança de ponta para que a mídia seja reconhecida como um parceiro publicitário viável para as marcas", diz Fernanda, que acredita que, desta forma, estará contribuindo para combater os desertos de notícias no país, já que o alvo são veículos que cobrem temas específicos e são regionais.
O jornal Folha da Serra é um dos veículos que faz parte desse projeto.
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