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Iraras ameaçam produção de mel no Sul do Brasil

A irara, um mamífero da família dos mustelídeos (a mesma das lontras e furões) se tornou  dor de cabeça para os apicultores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

Para comer o mel, o animal fura a madeira das colmeias matando as abelhas. Alguns produtores desistiram da atividade e quem permanece busca alternativas para barrar a ação do animal.

O prejuízo é enorme, apesar de não haver estatísticas. Em 2023, Santa Catarina produziu 4.234 toneladas de mel, atividade que movimentou mais de R$100 milhões e respondeu por 6,6% da produção nacional.  

Alceu Perão, apicultor de Lages que é referência nacional, afirma que está em contato permanente com produtores dos três estados do Sul. “Tem apicultor que perdeu 150 colmeias. Todos estão em busca de alternativas, mas alguns, em função dos prejuízos, desistiram da atividade.”

Perão explica que o principal predador da abelha é o Tatu-de-rabo-mole, mas que este ano a irara tornou-se uma vilã difícil de ser controlada. “Alguns sugeriram colocar criolina no pé das caixas, outros passar pimenta nas caixas para ela desistir ao roer a madeira. Todos dando pitacos. Tem os mais radicais, sugerindo colocar veneno em ovos para matar os animais e outros defendem o uso de redes de energia elétrica.”

Até terça-feira, Perão havia perdido 50 colméias, porque possui produção em vários municípios da Serra Catarinense. A região de São Joaquim, Urupema, Bocaina do Sul e Bom Retiro são as mais afetadas. No lado gaúcho, os maiores danos são registrados na região de São José dos Ausentes, na serra. 

Para ele, uma das alternativas é afastar as colmeias das regiões de mata. As Iraras vivem em florestas densas, regiões de penhascos, paredões de pedras, tocas, beiras de rios. 

A região do Rio Lava-Tudo, que cruza Bom Jardim da Serra, São Joaquim e outros municípios, segundo Alceu Perão, está cheia de Iraras. Os produtores nem colocam mais colmeias por lá. 

A expectativa é conseguir reduzir os danos de forma ambientalmente correta, mas sem elevar muito os custos de produção ou prejudicar o manejo das colmeias. A apicultura representa renda para milhares de produtores dos três estados, mas o futuro da atividade, como qualquer outro, depende da viabilidade econômica. 


Iraras, o que são

As iraras (também conhecidas como tayras) são predadores de colmeias e podem causar sérios prejuízos aos apicultores. Elas atacam as colmeias em busca de mel e crias, o que as torna um problema difícil de controlar, pois sua presença nem sempre é previsível. 


Características do ataque

- A irara é um mamífero da família dos mustelídeos (a mesma das lontras e furões), conhecido por sua agilidade e força;

- Elas destroem a estrutura das colmeias para ter acesso aos favos, resultando na perda de mel, pólen e, principalmente, na morte de abelhas e crias;

- Embora se alimentem principalmente de frutos, as iraras também são oportunistas e a alta disponibilidade de mel e larvas em apiários as atrai. 


Orientações da Epagri

Em maio de 2020 a Epagri lançou o boletim Manejo para Controle de Doenças, Pragas e Predadores das Abelhas. O conteúdo das páginas 56 e 27 trata de como evitar o ataque das Iraras. Reproduzimos o texto a seguir:

4.1 Iraras Animal nativo e comum na mata atlântica do sul do Brasil 

Costuma se alimentar de mel e cria de abelhas, especialmente no período de inverno. Tem-se observado nos últimos anos um crescente registro de casos de apiários dizimados pelo ataque de iraras. Acredita-se que possa estar ocorrendo desequilíbrio populacional desta espécie animal, provavelmente causado pela extinção de seus predadores. 

4.1.1 Como diminuir os danos causados pela irara

- Tem se obtido bons resultados com a instalação de cerca elétrica. Devem ser instaladas com dois fios a uma distância de 20 e 40cm do solo, respectivamente, podendo-se usar baterias para o fornecimento da energia. 

- Alguns produtores também estão conseguindo um bom resultado utilizando a cobertura das 

colmeias com pequena aba com uma pedra pesada em cima. Para a utilização deste método é importante que as caixas sejam construídas com madeira dura e estejam em bom estado de conservação para que as iraras não consigam roer os cantos da caixa e retirar os favos. 

- Outros métodos utilizados pelos produtores •Instalar o apiário em campo limpo, no mínimo 50m a 100m longe do mato, pois assim a irara se sentirá desprotegida; 

- Fixar arame farpado no ninho da colmeia com uma distância de 10cm entre um fio e o outro; 

- Colocar próximo aos apiários mechas de cabelo humano ou pelo de cachorro, dentro de sacos plásticos perfurados. Alguns apicultores costumam também espalhar fezes de cachorro nas proximidades do apiário; 

- Manter as colmeias a uma altura mínima de 85cm do solo, embora este recurso possa dificultar o manejo da colmeia e em alguns casos diminuir sua produtividade pelo aumento da corrente dos ventos; 

- Utilizar cobertura confeccionada com tambor cortado ao meio e amarrado sobre a colmeia.


Produção de mel em Santa Catarina

Santa Catarina é o oitavo maior produtor de mel do Brasil, com produção de mais de 4.000 toneladas em 2023, e o terceiro maior exportador do país.

O estado se destaca pela alta qualidade e produtividade, com uma produção de aproximadamente 45 kg por colmeia, contra uma média nacional de 7,5 kg. O mel silvestre e o mel de melato da bracatinga são produtos de destaque, com o mel de melato sendo amplamente exportado. 

Produção e exportação: Em 2023, o estado produziu cerca de 4.234 toneladas de mel, correspondendo a 6,6% da produção nacional. Em 2024, Santa Catarina foi o terceiro maior exportador de mel do Brasil, com mais de 5.400 toneladas enviadas para o exterior, principalmente para os Estados Unidos. Ou seja, além de sua produção exporta a de outros estados.

Produtividade: A produtividade média de Santa Catarina é a maior do Brasil, com cerca de 45 kg por colmeia, superando a média nacional. O oeste catarinense tem apresentado uma produtividade crescente devido à profissionalização dos apicultores. 

Produtos: Mel silvestre: 

Apoio e legislação: A Secretaria da Agricultura de SC oferece linhas de crédito e programas de fomento para os apicultores, incluindo o fornecimento de kits de apicultura. A Cidasc concede o Selo ARTE para produtos artesanais, permitindo a comercialização para todo o país. 

Fonte: Epagri

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