Durante a pandemia, a UPA de Lages chegou a atender quase mil pessoas por dia. Os casos de covid-19 diminuíram nos últimos meses, mas a reclamação de demora no atendimento permanece. Em algumas situações, a espera é de horas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, vários são os fatores que influenciam no atendimento. O principal deles é que a UPA é destinada ao atendimento de urgência e emergência, mas acaba atendendo até casos de trocas de receitas, situação que expõe outro problema, o do atendimento nos postos de saúde dos bairros.
Em 2022, a UPA realizou 178.509 procedimentos. Destes, segundo números da secretaria, cerca de 80% (veja tabela) ou 142 mil procedimentos poderiam ser resolvidos nos postos de saúde. “Vou citar um exemplo. A pessoa precisa trocar de receita, deixa para a última hora, não consegue médico na Unidade Básica e vai para a UPA,” comenta o secretário de Saúde, Claiton Camargo de Souza.
Mas Claiton reconhece a deficiência das Unidades Básicas. O ideal seria contratar médicos para cumprir 40 horas semanais. Porém, segundo o secretário, eles não querem. Trabalham como terceiros, horistas. Atendem às consultas agendadas e vão embora. Caso uma pessoa se sinta mal ou lembre de trocar uma receita fora deste horário, ficará sem o atendimento. Como única alternativa, resta a UPA.
A UPA realiza consultas de adultos, pediátricas e odontológicas. Ao todo, cerca de 40 médicos se revezam no atendimento, mas todos são terceiros/horistas. “Ficamos muito dependentes da disponibilidade deles, porque não querem ser seletivos, para cumprimento de carga horária,” lamenta o secretário.
Para ele, o mesmo problema na forma de contratação de médicos é enfrentado por praticamente todos municípios da Serra Catarinense.
Além do impacto da falta de médicos, em pelo menos um dos períodos nos postos de saúde, o secretário acredita que Lages enfrenta uma onda antecipada de influenza (gripe), fator que aumenta a demanda por atendimento na UPA, situação que deve piorar com o período mais frio do ano, quando aumentam os casos de problemas respiratórios.

Recorde
Em janeiro deste ano a UPA de Lages realizou 13.748 atendimentos. Em fevereiro o número praticamente se manteve, com 13.143. Já em março foi nítido o aumento com 16.680 atendimentos e a expectativa deste mês, permanecendo o fluxo de pessoas, é bater março. A última parcial já estava em 10.275.
Horários
Em observação visual, fica nítido que o fluxo de pessoas aumenta muito depois das 18 horas. É quando pais chegam em casa e percebem problemas de saúde com os filhos, ou mesmo, conseguem tempo ou meios de locomoção para buscar ajuda. Ou seja, a procura ocorre em picos e não de forma linear.
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