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Meteorologia

“Bagunça” do clima tem explicação e vai continuar

Para Ronaldo Coutinho, nos últimos anos a temperatura do planeta estabilizou, mas a tendência é de queda e não de aquecimento como afirmam os cientistas

Geleira do Apocalipse, na Antártida, derretendo; chuvas torrenciais em São Paulo e em Santa Catarina, a exemplo da registrada na tarde de ontem em Lages. Um dia quente, outro frio. O clima parece estar cada vez mais severo e confuso. Mas segundo o engenheiro agrônomo Ronaldo Coutinho, que é referência no tema no Brasil, historicamente sempre ocorreram eventos extremos de vento, frio, calor, chuva ou seca. Dados climáticos registrados nos últimos 200 anos comprovam essa afirmação. 

Para Coutinho, as pessoas geralmente têm memória curta, não se recordam de como foram os anos anteriores em relação ao tempo. “Os veículos de comunicação, de forma geral, sempre noticiam os fatos, mas não informam com base em uma análise mais profunda, isso também prejudica o entendimento,” critica Coutinho. 

Para ele, a chuva do litoral de São Paulo é um exemplo. Foi a maior com registro no país, mas certamente não foi a maior. Sabe-se que houveram várias ocorrências de grande chuvas nos últimos séculos, mas somente nos últimos 20 anos, no Brasil, é que o monitoramento foi melhorado, armazenando dados mais precisos. Ele aponta que chuvas intensas são comuns naquela região da Serra do Mar e que certamente essa não será a última. O mesmo ocorre em relação a Santa Catarina. 

Na avaliação de Ronaldo Coutinho, a cada ano que passa esses eventos extremos ganham mais destaque, porque causam mais estragos, prejudicam mais pessoas e causam mais mortes. Isso se deve em função do aumento populacional. Áreas que até então não eram habitadas, concentram grande número de imóveis. Muitos em área de risco. 

“Hoje, qualquer coisa é culpa da mudança climática, nunca é culpa da gente. As pessoas moram em lugar errado, desmatam, não cuidam da natureza, mas o culpado é sempre o clima.” Em seu desabafo, Coutinho deixa claro que muitos problemas e até tragédias poderiam ser evitadas se as pessoas e, principalmente, as autoridades agissem na prevenção, evitando construções em áreas de risco, situação comum nas cidades.  


Como serão os próximos meses

Atualmente, o clima está sendo influenciado pela La Niña, que está perdendo força. Em breve, a influência será do El Niño. Desta forma, em seu canal no You Tube, Ronaldo Coutinho prevê que a “bagunça” do clima vai continuar entre os meses de março e maio. 

Serão períodos de estiagem, de chuva intensa, de dias quentes e outros de frio. A previsão é realizada com base em dados globais do planeta, inclusive na temperatura dos oceanos. 

Desta forma, provavelmente o frio deve chegar mais cedo no mês de maio com a possibilidade de geadas severas, normalmente vistas nos meses de julho e agosto. 

Além da rotina das pessoas, são fenômenos que influenciam a produção agrícola. 


A geleira e o sensacionalismo

Questionado especificamente sobre a geleira “do apocalipse", Ronaldo Coutinho avalia que há muita especulação e sensacionalismo sobre o tema. “Também acompanho os dados daquela região do planeta. Mesmo no verão, no período mais quente do ano, a temperatura se mantém muito próxima ou abaixo de zero. É muito difícil acreditar que esteja derretendo em função da temperatura. Pode ser até uma mudança de corrente marítima.” 

Para ele, mesmo na ciência há poucos dados confiáveis,algo que se possa confiar 100%. Para justificar sua afirmação, lembra de algumas previsões que não deram certo. “Há 20 anos, não era para o Pólo Norte derreter totalmente no verão? Para o mar ter subido de 18 a 20 centímetros até 2020? Para a água do mar ter alagado parte do Centro do Rio de Janeiro? Eles vão enrolando, enrolando, divulgam dados que não batem e ninguém cobra…Tem que se tomar muito cuidado.”


Derretimento da “Geleira do Apocalipse” preocupa cientistas

Segundo reportagem publicada na CNN, a “Geleira do Apocalipse” da Antártida – apelidada porque seu colapso pode levar a um aumento catastrófico do nível do mar – tem aproximadamente do tamanho da Flórida e está localizada na Antártica Ocidental. Parte do que a mantém no lugar é uma plataforma de gelo que se projeta para a superfície do oceano. A plataforma funciona como uma rolha, mantendo a geleira de volta à terra e fornecendo uma importante defesa contra o aumento do nível do mar.

Mas a plataforma de gelo crucial é altamente vulnerável à medida que o oceano esquenta.

Em dois estudos, publicados na revista Nature na quarta-feira (15), os cientistas revelaram que, embora o ritmo de derretimento sob grande parte da plataforma de gelo seja mais lento do que se pensava, rachaduras profundas e formações de “escadas” no gelo estão derretendo muito mais rápido.

À medida que a mudança climática acelera, a geleira Thwaites está mudando rapidamente.

Todos os anos, ela despeja bilhões de toneladas de gelo no oceano, contribuindo com cerca de 4% do aumento anual do nível do mar. O derretimento particularmente rápido ocorre no ponto onde a geleira encontra o fundo do mar, que recuou quase 14 quilômetros desde o final dos anos 1990, expondo uma fatia maior de gelo à água relativamente quente do oceano.

O colapso completo da Thwaites poderia levar ao aumento do nível do mar em mais de 70 centímetros, o que seria suficiente para devastar comunidades costeiras em todo o mundo. Mas a Thwaites também está agindo como uma represa natural para o gelo circundante na Antártica Ocidental, e os cientistas estimaram que o nível global do mar poderia subir cerca de 3 metros se a Thwaites entrasse em colapso.

Embora possa levar centenas ou milhares de anos, a plataforma de gelo pode se desintegrar muito mais cedo, provocando um recuo da geleira que é instável e potencialmente irreversível.

Para entender melhor a remodelação do litoral remoto, uma equipe de cientistas americanos e britânicos da International Thwaites Glacier Collaboration viajou para a geleira no final de 2019.

Usando uma broca de água quente, eles abriram um buraco de quase 600 metros de profundidade no gelo e, durante um período de cinco dias, enviaram vários instrumentos para fazer medições na geleira.

Os instrumentos incluíam um robô semelhante a um torpedo chamado Icefin, que permitia o acesso a áreas anteriormente quase impossíveis de pesquisar. O veículo operado remotamente capturou imagens e registrou informações sobre a temperatura e salinidade da água, bem como as correntes oceânicas.


Velocidade está menor

Os resultados da pesquisa revelam “uma imagem muito sutil e complexa”, disse à CNN Peter Davis, oceanógrafo do British Antarctic Survey e principal autor do outro artigo.

Os cientistas descobriram que, embora a geleira esteja recuando, a taxa de derretimento sob grande parte da parte plana da plataforma de gelo foi menor do que o esperado. A taxa de derretimento foi em média de 2 a 5,4 metros por ano, de acordo com o estudo, menos do que os modelos anteriores haviam projetado.

O derretimento está sendo suprimido por uma camada de água mais fria e fresca na base da geleira, entre a plataforma de gelo e o oceano, de acordo com a pesquisa.

Fonte: CNN


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