Gurizada da terra
A campanha do Internacional de Lages no Campeonato Catarinense deste ano não foi a que os torcedores gostariam. O time fez alguns bons jogos, mas sofreu com a irregularidade, uma consequência direta de fatores como o elenco enxuto e o pouco tempo de preparação. Esses elementos, por sua vez, foram os filhos indesejados do impasse sobre a liberação do Estádio Vidal Ramos Júnior, que se arrastou por mais de um mês, como já se escreveu neste espaço.
Dadas as circunstâncias, o rebaixamento era, infelizmente, a possibilidade mais concreta para o Colorado Lageano. A queda para a Série B acabou se confirmando, mas de modo algum tratou-se de uma campanha vexatória. O clube fez o máximo possível com aquilo de que dispunha, que era mínimo. O Inter há de se reerguer e reconquistar seu espaço na elite do futebol catarinense, que é seu lugar.
Temos que reconhecer que, ainda que os resultados tenham sido insuficientes para o clube permanecer na Série A, o efêmero retorno do Inter à primeira divisão teve, sim, alguns pontos positivos. Um deles é quase uma anomalia estatística na trajetória colorada em pelo menos três décadas: o protaganismo de atletas lageanos no time da cidade.

Os volantes Calebe e Felipe Favero, ambos de 20 anos, participaram da campanha colorada neste ano. Foi no Inter de Lages que os dois deram seus primeiros passos no futebol e foi no Leão Baio que eles estrearam no futebol profissional.
Um jogador atuar pelo time da cidade em que nasceu é, muitas vezes, nota de rodapé na trajetória de atletas e clubes. Mas, no caso do Inter de Lages, acontecimentos como esse têm de ser celebrados. Primeiro, pelo motivo mais óbvio: se há conterrâneos no clube que nos serve de bandeira, isso significa que o clube está vivo. Segundo, porque o que é sempre uma alegria diferente ver um dos nossos com a nossa camisa. O gentílico e fleuma nos aproximam, e sabemos de antemão que os pés dos que quebraram geada e maltrataram rosetas têm o nosso sotaque.
Ter um dos nossos - ou, ainda melhor, dois - no time é também uma renovação da esperança no futuro. A partir de 2013, quando o Inter passou a se reorganizar após mais de duas décadas de ostracismo e semifalecimento, o clube voltou a disputar competições de bade com regularidade, fazer testes com jovens talentos e abrir a eles a oportunidade de defender o time da terra em que nasceram.
Calebe e Felipe Favero desabrocharam porque o Inter estava ativo. No sábado (23/3), o clube estreia no estadual da categoria sub-20. Que novos talentos lageanos e serranos brotem nessa nova geração.
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