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Seleção Brasileira

Arthur Costa Branco já nasceu vencedor

Em outubro, a cidade de São Paulo vai sediar o Mundial de Mesatenista para Paratletas e Lages terá um representante na Classe D. Destaque nas competições catarinenses, Arthur Costa Branco foi convocado para treinar na base da Seleção Brasileira, preparando-se para o evento mundial.

Esta informação já bastaria para destacar esse adolecente que, em maio, completa 14 anos, mas sua história revela que ele já nasceu superando dificuldades, afinal ele foi diagnosticado com Mielomeningocele.

Segundo o site Cirurgia Fetal, as principais sequelas deixadas pela falha são: Dificuldade ou ausência de movimentos nas pernas; Fraqueza muscular; Perda de sensibilidade para calor ou frio; Incontinência urinária e fecal; Malformação nas pernas ou pés.

Outros problemas, como dificuldade para respirar ou engolir, também são comuns em crianças nascidas com Mielomeningocele. Estes ocorrem devido à alteração cerebral chamada malformação de Chiari tipo II, que se desenvolve com a alteração (herniação) de uma parte do cérebro.

Apesar do problema ser muito sério, Arthur mostrou força e superação desde cedo. Incentivado pelos pais, começou a nadar, mas em janeiro de 2023, há pouco mais de um ano, despertou para o tênis de mesa.

Na primeira competição conquistou a medalha de terceiro lugar. Destacou-se rapidamente nos eventos estaduais e disputou o nacional. Enfrentou um adversário mais experiente e mesmo assim ficou em terceiro. 

Arthur é filho de Amadeu Pereira Branco Júnior e Lindiane Elen Costa Branco. É ela que conta a seguir como foi a gravidez, receber a notícia da doença e as dificuldades do pós-parto.  


Um recado para pais de famílias atípicas 

Por Lindiane Elen Costa Branco

"Nem sempre falo sobre esse assunto, mas senti fortemente no meu coração que a história verdadeira pode gerar conexão com outras famílias atípicas como a minha… 

Minha gestação não foi nada planejada. Na verdade foi uma surpresa. Fiquei grávida aos 25 anos, fiz um exame de sangue, minha menstruação estava atrasada há uns 7 dias e, sabe aquele sentimento…Tô grávida, tô grávida, tô grávida.

O mais curioso é que sempre soube que seria um menino. Enfim, meu menino realmente veio. O primeiro ultrassom até aí estava tudo bem… 

Aos quatro meses tive um episódio de mal-estar, o que me levou a fazer um segundo ultrassom. Na época, eu trabalhava na Unimed, então minha supervisora, Tia Nara, insistiu que eu fizesse o ultrassom para certificar que tudo estava bem. 

Fui até a clínica IMA acompanhada da Schaiana, minha colega amada de trabalho. No diagnóstico, a Drª Mônica (clínica IMA) passou que estava tudo bem.

Ela tomou uma atitude muito humana, me protegendo da notícia que mudaria minha vida. É óbvio, não seria naquela maca desacompanhada da família que receberia a informação.

Logo que saí da clínica voltei à Unimed e lá estava a minha querida Tia Nara, já com tudo encaminhado, uma consulta com a obstetra e uma ligação para minha irmã Luciane me acompanhar.  

Detalhe, Drª Mônica já havia ligado para a Tia Nara e colocado ela a par de que meu filho teria uma má formação muito delicada. Eu ainda não sabia, até chegar na consulta…

Fui aconselhada pela obstetra, naquele momento, a aguardar 42 dias para comprovar a má formação quando realizasse a morfológica (ultrassom). 

Eu cumpri com a missão! E não olhei na internet…

Chegada o dia da morfológica, vimos então que o diagnóstico foi confirmado, era mielomeningocele. Na sala estava eu, meu filho, meu esposo e a obstetra que acompanhava o pré-natal.

Eu levei um coice direto no coração. Lembro do amargo gosto na boca, dos olhos cheios de lágrimas e uma dor que corrompia minha alma. Eu me senti tão, tão triste e me perguntava: Deus, porque eu? Porque meu bebê? Doeu tanto…

O dia seguinte

Então, no dia seguinte, tinha retorno em consultório com a obstetra que acompanhava a gestação. E aquele dia eu vivi o inferno da minha vida.

Na consulta, que pensei que teria todo o apoio do mundo recebi uma carta de aborto. Naquele momento ouvi um sopro, lembro como se fosse hoje: Hei filha, tens aqui uma promessa porque confio em ti! 

Então, dobrei a carta, devolvi pra médica obstetra e nunca mais a vi. 

Claro que saí em prantos. 

Eu tinha uma consulta em Florianópolis com o Dr. Luiz Miguel Parente. Ao entrar na sala, acompanhada claro: do pai, mãe, irmão, cunhado, marido…Todos foram para me proteger de um possível golpe “aborte aqui”. Mas o médico foi verdadeiramente uma benção. 

Ele preparou e acompanhou meu parto. Ele amava trazer ao mundo crianças portadores de mielomeningocele, me contava muitas histórias de superação!

Enfim, o nascimento

O dia do nascimento do Arthur chegou, era 03 de maio de 2010, às 11h05, o príncipe que mudaria nosso destino e meu juízo também. Foi tão lindo, ele tão perfeito.  

Quando nasceu, foi removido para UTI. Precisava da cirurgia de correção da mielo com a máxima urgência. Mas a nossa ambulância de transporte do hospital precisou atender uma ocorrência.

Foi preciso aguardarmos até às 22h para ele ser removido para o Joana de Gusmão onde faria a cirurgia. Estávamos contra o tempo, Quanto maior o tempo, maior as sequelas… 

Ele fez cirurgia no dia seguinte. Levei três dias para conhecê-lo. E ver ele, Ahhhhh quando eu o vi…Eu senti meu coração bater que parecia saltar do peito. Logo ele também me conheceu. Ele se aninhou e deu sua primeira mamada. 

Ali ficamos por 10 dias e ganhamos alta para retornar para Lages. Sofremos um acidente na viagem e Arthur voltou para observação no hospital.

Ele estava com a cirurgia da correção da mielo e tinha somente 10 dias. Eu estava com ele no meu colo, e acho que Deus tinha feito uma redoma para nos proteger. E nada, absolutamente nada nos atingiu. O acidente foi só de danos materiais.

Quando Arthur fechou 30 dias de nascido, retornamos para o hospital para acompanhamento, principalmente, da hidrocefalia (98% das crianças com mielo desenvolvem ).

Na consulta, o neurocirurgião internou ele às pressas para drenagem do líquido e colocar a válvula. Foram 16h de oração e espera e, pela graça de Deus, mais uma vez Arthur não colocou válvula, não havia líquido nenhum. Voltamos pra casa e seguimos a nossa rotina. 

Meu filho foi crescendo  

Muitas vezes nos hospitais para cirurgias, fisioterapia, hidroterapia, Mas nunca nos rendemos a um diagnóstico. Hoje ele é um mocinho. Completa seus 14 anos, perfeito, alegre e forte. É um paratleta que nos enche de orgulho.

A verdade é que ele nunca precisou caminhar para me surpreender com belos voos que ele próprio alcançou e superou… 

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