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Há mercado para o peixe e, se o processo for conduzido de forma profissional dentro das normas técnicas, a lucratividade é alta
Há muito se discute a produção de trutas na Serra Catarinense como alternativa de renda, principalmente, para pequenos produtores rurais. Na prática, nos últimos anos o processo ficou praticamente estagnado. São apenas 18 produtores que comercializam, em média, 400 toneladas por ano. Essa situação é criticada pela Associação Catarinense de Truticultores (Acatruta), que aponta a falta de incentivos e de assistência técnica. Para reverter essa condição, a Epagri retomou o projeto Peixe na Serra. O primeiro evento para estimular a produção foi realizado ontem em Correia Pinto.
O empresário lageano Vilso Isidoro é o presidente da Acatruta e, há alguns anos, implantou um frigorífico para abater o peixe. A empresa foi vendida, mas ele continua produzindo na Localidade de Pinheiro Marcado onde possui 18 tanques. Em 2021, produziu 10 toneladas e, neste ano, 15 toneladas. Aponta que a lucratividade é de 35%, percentual difícil de ser obtido em outra atividade.
“Produzir truta exige duas horas de trabalho por dia para manter a estrutura, mas precisa ser feita dentro das normas técnicas. Caso contrário, não dará lucro e o produtor vai desistir da atividade. Quando montamos o frigorífico, o objetivo era estimular a produção e buscamos o apoio da Epagri. Na minha opinião faltou um pouco de dedicação,” avalia Vilso.
Ele comenta que a atividade praticamente não cresceu. Surgiram apenas alguns pequenos produtores. “Não adianta abrir um buraco. É necessário acompanhamento, seguir as normas. É o mesmo que colocar bois em um campo e não vacinar, não tratar. Não dará resultado. Nem mesmo a estação de truticultura de Painel está funcionando,” desabafa o produtor.
Peixe se adaptou à região
Concentrada no Sudeste, a produção de truta nacional, cerca de 1.600 toneladas/ano, não é suficiente para abastecer 50% do mercado. O peixe se adaptou muito bem com o clima e com as águas geladas da Serra Catarinense, mas a produção é muito pequena.
É proibido importar material genético
A exemplo do que ocorre com os bovinos, os truticultores querem melhorar a genética dos peixes, ampliando a produtividade. “O que nós estamos, há muito tempo, é tentando importar até a ova da truta, do Chile ou dos Estados Unidos, onde a genética está bem desenvolvida. Desta forma, iríamos melhorar a genética no Brasil. Mas essa importação é proibida. A única forma seria a importação por um órgão que se responsabilize pela sanidade,” comenta Vilso Isidoro.
Epagri retoma projeto de piscicultura
O 5º Encontro Regional de Piscicultura da Serra Catarinense, realizado ontem em Correia Pinto, marcou a retomada do projeto por parte da Epagri. O evento tem como objetivo promover a piscicultura de forma sustentável na região. Palestras abordaram normas técnicas, novas tecnologias e questões sanitárias.
Aziz Abou Hatem, coordenador Regional de Gestão de Negócios e Mercados na Epagri, explica que a meta do projeto era atingir até 2021, 160 produtores comerciais e 2.400 produtores amadores. “Porém, com a pandemia, o acompanhamento parou, e o Campo Experimental de Painel está desativado. Também a legislação ambiental ainda não está aplicável, mais mudanças em 2021 e 2022, como a IN-08 deverão ser habilitadas e estendidas a partir de agora.”
Apesar das dificuldades, Aziz comenta que os equipamentos para assistência a campo foram renovados e o planejamento 2022-2025 foi reescrito. “Os encontros são itinerantes, cada vez em um município. O deste ano marca a retomada da atividade, quase da estaca zero,” avalia o coordenador.
Ações da Epagri
5 Feiras de Peixe Vivo;
2 Workshop Estratégicos;
1 Encontro Regional;
4 Cursos para agricultores e técnicos;
1 Seminário Estadual;
Visitas Técnicas e das URT e Campanha para Regularização Ambiental de todos os Viveiros até Nov.2023.
Turismo
A produção de trutas tem forte aptidão turística. Pode ser servida como prato típico nos restaurantes atrair adeptos da pesca esportiva, aquela modalidade em que o peixe é solto após fisgar a isca.
Atualmente, restaurantes de Urubici se destacam em oferecer pratos à base de truta. O município, inclusive, promove um festival anual para divulgar essa especiaria. A pesca esportiva também possui simpatizante em Urubici, Urupema e Painel. É uma atividade que atrai aventureiros de várias partes do mundo.
Qualidade de água para o sucesso do cultivo
A qualidade de água, de fato, é um ponto chave no cultivo da truta, que é uma espécie bastante exigente nesse quesito. O melhor desenvolvimento ocorre com temperaturas entre 15 e 18˚C. Temperaturas acima de 22˚C inviabilizam a produção intensiva. A temperatura é limitante, pois somente a água fria consegue reter níveis adequados de oxigênio dissolvido para a produção.
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