<
logo RCN
Arrecadação

O cobertor está mais curto

As contas não fecham. De um lado, reportagem da Agência Brasil, com dados da Receita Federal, aponta que apesar das quedas de arrecadação de impostos em março e em junho, o primeiro semestre deste ano registrou arrecadação recorde. Mas o repasse resultante dessa arrecadação aos municípios está cada vez menor. Em comparação a 2022, as prefeituras da Serra Catarinense deixaram de receber R$ 18 milhões nos primeiros seis meses do ano.  

A arrecadação dos municípios caiu, mas as despesas, principalmente com pessoal, aumentaram. Os municípios mais industrializados geram renda própria (riquezas), a exemplo de Lages, Correia Pinto, Otacílio Costa e São Joaquim (com a maçã e o vinho). Os demais dependem quase exclusivamente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e do ICMS. Os repasses são feitos pela União seguindo alguns critérios, dentre eles a geração própria de riquezas e a quantidade de habitantes. Quando o repasse cai, a dificuldade de gestão é maior para os municípios pequenos. 

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM), informou que o primeiro decêndio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) que foi transferido dia 10, apresentou uma preocupante queda de 23,56%, deflacionado.

O primeiro repasse de agosto é formado pela arrecadação do Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), concernente ao período compreendido entre os dias 20 a 30 de julho deste ano e o resultado, em valores nominais, menor 20,32% do que os R$ 8,8 bilhões repassados no mesmo período do ano passado. 

De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, a redução se deve a queda na arrecadação do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e o aumento de restituições do IR em 56%, montando apenas o último em R$ 4,3 bilhões.

Em análise dos repasses, apenas o mês de julho fechou menor (-8,63%) que o mesmo mês do ano passado, em valores de R$ 10,8 bilhões contra R$ 11,8 bilhões. A análise dos repasses aponta que a arrecadação do FPM apresentou crescimento de 3,83%, em valores nominais, e queda de 0,55%, considerando os efeitos da inflação.

Lei de Responsabilidade Fiscal_ Um dos mecanismos com maior impacto da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi a criação de limites. São vários tipos de restrição, como os que afetam a obtenção de empréstimos e os que monitoram o endividamento. Um dos mais relevantes, são os limites da despesa com pessoal. Os municípios podem gastar até 54% das receitas com pessoal no poder Executivo e outros 6% no Legislativo. Quando a receita cai, como as despesas com pessoal permanecem, as prefeituras que ultrapassam esses limites podem ser penalizadas. 


Serra Catarinense 

Arrecadação de janeiro a julho/2022 comparado com janeiro a julho/2023

FPM

2022 – R$ 38.260.778,25 

2023 – R$ 37.239.493,99 (-2,7%)

Redução de R$ -1.021.284,26

ICMS

2022 – R$ 196.527.391,49

2023 – R$ 179.260.652,71 (8,7%)

Redução de R$ 17.266.738,78

Queda de arrecadação nos primeiros sete meses de 2023, somente nas duas principais fontes de recurso foi da ordem de R$18.288.023,04.

Fonte: Amures


Walter Manfroi

O secretário executivo da Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures) explica as causas e os efeitos da queda da arrecadação. O problema é que a expectativa futura não é favorável. 

Folha da Serra_  Várias prefeituras do Brasil estão reclamando da redução dos repasses de FPM este ano. Essa também é a situação na Serra Catarinense? 

Walter Manfroi_ Sim, a queda nos primeiros sete meses foi de 2,7%, não considerando a inflação, entretanto todas as despesas tiveram um incremento, a exemplo das despesas com pessoal e transporte escolar.

A redução se deve a baixa no movimento econômico nacional?

Sim, e os resultados positivos do primeiro quadrimestre, deve-se ao reflexo de 2022, que aos poucos está perdendo movimento econômico.

Essa é a principal fonte de renda da maioria das prefeituras da região?  

O FPM somado ao ICMS representa o maior percentual da receita dos municípios. A maior redução ocorreu no ICMS, que teve uma queda de 8,7%, que somados ao FPM representa a redução de mais de R$ 18 milhões na região da Amures. 

Essa situação pode prejudicar a execução de obras e serviços?  

Sim, pois em praticamente todas as obras, precisa-se da contrapartida de recursos próprios do município.

Como reverter a situação?  

Essa é uma situação que somente com ações macros e de responsabilidade da política econômica nacional poderá ser revertida, mas o momento é de preocupação. Muitos municípios já estão encontrando dificuldades em manter o equilíbrio financeiro, já com edição de medidas contentórias de novas despesas e limitação de empenhos. A reforma tributária seria a esperança, entretanto o projeto aprovado na Câmara é desanimador, com tendência de aumentar a carga tributária do cidadão. Esperamos que o Senado Federal faça as devidas correções.


Santa Catarina tem aumento real no quadrimestre

Em abril deste ano, a Secretaria de Estado da Fazenda divulgou que Santa Catarina arrecadou R$ 3,6 bilhões entre 1º e 31 de março de 2023. O desempenho corresponde a crescimento nominal de 6% na comparação com março de 2022. Considerando a inflação acumulada de 5,4% (IPCA), houve crescimento real de 0,6% na receita neste último mês. Trata-se do primeiro saldo positivo deste ano em relação à arrecadação — em janeiro e fevereiro houve queda real de 4,4%.

A reação pode ser compreendida pela redução das perdas com a arrecadação da energia elétrica em virtude do aumento do consumo no último mês de fevereiro — o calor acima da média impulsionou a demanda. Houve recuperação também no setor de supermercados (alta de 14%). "Apesar da discreta melhora, os números confirmam nossas projeções: esperamos crescer entre 4% a 5% ao longo do ano, especialmente no segundo semestre", avaliou, na época, o secretário Cleverson Siewert. 

Impostos - Em março, o Estado arrecadou R$ 2,8 bilhões em ICMS, o que representa uma perda real de 1,2% na receita do imposto na comparação com março do ano passado. O resultado mostra que, a exemplo de outros Estados, Santa Catarina ainda sente os impactos da Lei Complementar 194/2022 (Governo Federal), que reduziu a alíquota de ICMS dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações de 25% para 17% em julho de 2022.

Aeroporto de Lages mantém importância estadual Anterior

Aeroporto de Lages mantém importância estadual

Alta dos combustíveis eleva custos do setor produtivo e inflação, diz FIESC Próximo

Alta dos combustíveis eleva custos do setor produtivo e inflação, diz FIESC

Deixe seu comentário