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José Miguel e António Bota integram a comitiva portuguesa que participa do Seminário Internacional de Administração Rural
Nilton Wolff
Empresários portugueses vieram para palestrar no Seminário Internacional de Administração Rural, promovido pelo IFSC/Lages, em parceria com o Instituto LIDERE e o Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), promovendo troca de experiências, conhecimentos e possíveis parcerias entre a Serra Catarinense e a região do Baixo Alentejo, no Sul de Portugal.
Nesta entrevista ao Estúdio Folha, participaram: José Miguel Almeida, presidente da Adega Cooperativa de Vidigueira em Portugal; e Antônio Bota, prefeito de Almodóvar, no Baixo Alentejo, em Portugal, e presidente do Conselho Intermunicipal da Comunidade do Baixo Alentejo (Cimbal).
Folha da Serra_ Miguel, gostaria que você falasse um pouco da questão das vinícolas lá em Portugal, da Cooperativa de Vidigueira e que fizesse uma comparação ou uma projeção do que você viu das vinícolas aqui da Serra Catarinense.
José Miguel_ Obrigado pela oportunidade de falarmos um pouco da nossa adega lá no Alentejo. As uvas vêm de três conselhos, de Vidigueira, de Cuba e de Alvito. É uma adega cooperativa fundada em 1960. Contamos com 262 produtores de uva, que são nossos cooperadores, e entregam as uvas para transformação todos os anos, numa área de vinha que ronda os 1.500 hectares e que nós, anualmente, temos uma produção de uva de cerca de 10 milhões de quilos.
Somos produtores de grande dimensão na região do Alentejo que, ao todo, tem uma produção de 24 mil hectares de vinha. Temos 50% da nossa produção de uva em castas brancas, e outros 50% em variedades tintas. Falar da região da Vidigueira é falar dos vinhos, da história, do negócio do enoturismo.
Aqui na Serra Catarinense, visitamos vinícolas como a Villa Francioni e a Monte Agudo, onde provamos vinhos de vários produtores e a experiência foi interessante. Encontramos vinhos com um perfil muito curioso de adaptação àquilo que é o terroir deste território. Vinhos com uma acidez marcante, com um frutado bem definido e uma vivacidade e longevidade típicas do clima frio.
A marca Vinhos de Altitude de Santa Catarina vem reforçada com a questão da excelência das adegas que visitamos. Visitamos projetos preparados para a questão do enoturismo, muito bem pensadas, bonitas, prontas para serem visitadas. Acho que está aqui uma conjugação interessante para aquilo que é o evoluir deste setor, do vinho e, eventualmente, o surgimento de outros produtores.
Existe a possibilidade de um intercâmbio entre a Serra Catarinense e Baixo Alentejo?
José Miguel_ Sem dúvida. Existem trabalhos passíveis de serem desenvolvidos. Um dos vinhos que nós provamos foi um vinho feito de Toriga Nacional, uma casta bastante portuguesa. É possível permuta de experiências e até de concessão do projeto de marca coletiva.
Folha da Serra_ Prefeito, além de participar do seminário, e dar a sua contribuição no seminário, vocês estão aqui numa missão empresarial. Gostaria que falasse sobre isso.
António Bota_ Como disse, sou o prefeito de uma autarquia, de uma cidade chamada Almodôvar e também presido a Associação de Municípios, a Cimbal, com 13 municípios agregados. Estes municípios têm uma oferta gastronômica incrível, conhecimento, práticas do agronegócio variadas. São municípios como Moura, que tem uma experiência em azeite; Mértola, que é designada como vila-museu, com um contributo cultural significativo; Serpa, com o seu contributo do olival. Beja com sua praia fluvial, com o olival, com as frutíferas, com os vegetais de consumo rápido. Falamos de Almodôvar; da Vidigueira, de Cuba, de Alvito e também de Beja, com vinhos de excelência.
Estou aqui para abrir portas do Baixo Alentejo aos comerciantes, aos empresários, empreendedores de Lages e para abrir as portas de Lages aos empresários do Baixo Alentejo, no sentido de promover e potencializar os negócios entre nós.
Também queremos promover turismo. O Baixo Alentejo é uma região com mais de 10 mil quilômetros quadrados, e cerca de 140 mil pessoas, portanto, falamos de uma vasta área, temos ofertas desde a praia, até aos produtos que já mencionei. Temos cerca de 140 a 150 turismos rurais, onde qualquer pessoa pode ficar e apreciar as estrelas com céu limpo; e com 350 dias de sol por ano, com um clima que chega a 40ºC no verão, mas com uma temperatura amena o ano todo, com pouca chuva, e uma capacidade de receber que é muito semelhante à do brasileiro. Aquilo que nos une é, de fato, muito superior à distância que nos separa. Temos a linguagem, uma cultura comum, e felizmente para nós há muitos brasileiros que procuram o sul de Portugal, o Baixo Alentejo, para viver, e nós queremos ter mais ainda, não queremos ter só a mão de obra, queremos ter a partilha.
Além de visitar a região de São Joaquim, estiveram na Prefeitura, na CDL, na ACIL, e na Expolages. Abriram-se possibilidades de trocas, de negociações entre as duas regiões?
António Bota_ Temos uma feira muito parecida com esta [Expolages] em Beja, que nós chamamos de OviBeja. Beja é o centro do Baixo Alentejo, é a capital do Baixo Alentejo. Temos muitas semelhanças. Vocês estão com sede de turismo, e nós, naquilo que falamos com a CDL, achamos que têm vontade de fazer muito, mas ainda não conseguiram. Pensamos que estamos mais avançados e podemos partilhar essas ideias. Temos de ajudar Lages a encontrar, a identificar os pontos turísticos, abrir acessibilidades e dar a conhecer esses pontos ao mundo.
Nós já fizemos esse caminho em igrejas, em catedrais, em turismo rural, em praias fluviais. Temos um conjunto de tours, de passeios com degustação de vinhos excelentes, passeios pelas vinhas, ‘apanha’ da uva, entre muitas outras áreas.
Temos de dar continuidade a esta porta que se abriu e permitir que o corredor e a ponte entre nós sejam cada vez mais seguros e amplos, e que atinjam um objetivo significativo para ambas as partes, porque os negócios são bons quando é bom para ambas as partes.
Assista à entrevista completa pelo canal do YouTube do Folha da Serra.
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