PMSC inicia Operação Estação Inverno 2025 na Serra Catarinense |
A vida profissional e política de Carmen Zanotto sempre esteve intrinsecamente ligada à Saúde. Enfermeira, foi diretora de enfermagem, gestora hospitalar, secretária Municipal de Saúde, secretária-adjunta da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e em 2021 assumiu como secretária de Saúde do Estado de Santa Catarina, cargo que ocupa atualmente com o desafio de reestruturar o setor de Saúde e zerar a fila de espera por cirurgias eletivas.
A seguir, ela explica como divide sua atenção entre Florianópolis e Brasília, dos desafios e da responsabilidade em ser considerada um ícone por mulheres que desejam ou já ocupam cargos políticos. Na última eleição municipal, em 2020, as mulheres bateram recorde na Serra Catarinense. Fernanda Córdova foi reeleita prefeita de Palmeira, Mariza Costa é a prefeita de Urubici e Claudiane Pucci em Campo Belo do Sul. Alice Pessoa Córdova é a vice-prefeita em Bocaina do Sul; Ilzete Pinheiro Tessaro, é a vice em Campo Belo e Cristiane Muniz Pagani Almeida é a vice em Urupema. Outras 32 mulheres foram eleitas vereadoras nas câmaras da região.
Folha da Serra_ A meta de zerar a fila das cirurgias eletivas avança. Como está o processo, principalmente relacionado à demanda da Serra Catarinense?
Carmen Zanotto_ Na Serra tínhamos 3.205 pessoas aguardando por uma cirurgia. Até o momento foram realizadas 312 cirurgias, sendo que 86 oncológicas.
Essas cirurgias vão viabilizar economicamente alguns pequenos hospitais da região, a exemplo de Otacílio Costa e São Joaquim?
Sem dúvida, os hospitais da nossa região podem se habilitar para realizar as cirurgias. Se tiverem capacidade de operar, todos os procedimentos serão remunerados.
A senhora sempre esteve ligada à área da saúde. Resolver o problema das cirurgias é o maior desafio da sua carreira?
Trabalhar na saúde é um desafio diário, cuidar da vida das pessoas é urgente. Nosso grande desafio é diminuir o sofrimento das pessoas, garantir o acesso aos serviços de saúde e fazer com que a legislação seja cumprida. Principalmente as leis do câncer, de minha autoria. Queremos ser o primeiro estado brasileiro, que realiza os exames para o diagnóstico do câncer em até 30 dias e o início do tratamento em até 60 dias. As leis têm mais de 10 anos e precisam ser respeitadas. Quando se trata de câncer o tempo é determinante para a cura da doença. Quem tem câncer, tem pressa!
Como é conciliar o trabalho em Santa Catarina com o de Brasília?
Tenho trabalhado intensamente na função de secretária de Saúde e deputada federal. Nossa meta é zerar a fila de espera das cirurgias eletivas e ampliar os serviços de saúde em Santa Catarina. Sem negligenciar as demandas do nosso Estado junto ao governo federal. Estou em contato direto com os prefeitos da nossa região e à disposição para contribuir com o desenvolvimento da Serra em várias áreas como o turismo, infraestrutura, agricultura, entre outras. Mesmo licenciada, sigo sendo a deputada da Serra Catarinense e destinando recursos para a região.
Falando em política, a senhora é considerada um exemplo para as mulheres, algumas se elegeram em função dessa influência. Isso aumenta a responsabilidade?
Me sinto privilegiada em representar as mulheres e saber que muitas se inspiram no meu trabalho. Eu nunca imaginei estar na política, mas sou grata pelas oportunidades que tive. Estar na política e ser a voz de muitas mulheres me impulsiona a continuar lutando pelos nossos direitos e interesses. As leis precisam ser feitas por homens e mulheres, e nós mulheres temos um olhar diferenciado para muitas áreas. Defendo que as mulheres estejam em todos os espaços de poder, que não tenham medo ou vergonha de assumirem cargos de liderança quando forem chamadas. Somente teremos um país mais justo e igualitário quando mais mulheres estiverem nos espaços de poder.
Formação
Graduou-se em enfermagem e obstetrícia pela Fundação Educacional do Alto Uruguai Catarinense. Especializou-se em administração hospitalar pela Faculdade São Camilo (SP); saúde pública pela Universidade de Ribeirão Preto (SP); recursos humanos pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em 2012 concluiu a formação em políticas para primeira infância na Universidade Harvard (EUA).
Política
Carmen Emília Bonfá Zanotto é uma enfermeira e política brasileira. Deputada federal reeleita, atualmente exerce o cargo de Secretária de Estado da Saúde de Santa Catarina.
Como deputada federal, foi relatora da Comissão Externa de Enfrentamento da Covid-19.
É presidente estadual do Cidadania e membro titular da Executiva Nacional e do Diretório Nacional do partido. Ela é membro das Frentes Parlamentares da Saúde (como coordenadora) e da Micro e Pequena Empresa.
Eleições
2000 - Eleita vereadora de Lages
2010 - Concorreu a deputada federal, ficou como suplente mas atuou praticamente durante toda a legislatura
2014 - Eleita deputada federal
2018 - Reeleita deputada federal
2020 - Concorreu à Prefeitura de Lages e perdeu a eleição por diferença de 56 votos
2022 - Reeleita deputada federal
As mulheres e a política catarinense
Garantir mais presença de mulheres na política tem sido uma preocupação constante da Justiça Eleitoral. E a participação de candidatas têm aumentado a cada novo pleito realizado em Santa Catarina, tanto em eleições municipais como em gerais, conforme revelam as estatísticas eleitorais.
Em 2014, por exemplo, o número de candidatas correspondeu a 32,4% do total de candidaturas registradas, e seis delas foram eleitas, sendo quatro como deputadas estaduais e duas como deputadas federais.
Quatro anos depois, nas Eleições Gerais 2018, o número de candidaturas femininas no estado sofreu uma pequena queda e ficou em 31,5% do total, mas a quantidade de eleitas dobrou. Foram 12 candidatas que saíram vitoriosas das urnas, sendo uma eleita vice-governadora, quatro deputadas federais, cinco deputadas estaduais e duas suplentes de senador.
Na disputa por cargos municipais, a participação feminina na política catarinense tem crescido ainda mais.
Dos candidatos às Eleições Municipais 2016, 31,5% eram mulheres. Dentre elas, 436 foram eleitas, resultando em 24 prefeitas, 22 vice-prefeitas e 390 vereadoras.
Já no pleito municipal de 2020, o número de mulheres candidatas chegou a 34% das candidaturas, e o de eleitas somou 577. Das vitoriosas, 28 foram escolhidas prefeitas, 25 vice-prefeitas e 524 vereadoras.
Apesar do aumento registrado ao longo dos últimos anos, a presença de mulheres na política em geral ainda está bem abaixo ao número de homens, mesmo elas representando a maioria do eleitorado no estado (51,84%), segundo dados computados até o mês de julho.
Campanhas
Para fomentar cada vez mais a inclusão de mulheres em espaços de poder, a Justiça Eleitoral promove ações constantes de incentivo à participação feminina no cenário político-eleitoral.
Em 2017, por exemplo, o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC) lançou a campanha “Mulheres na Política – Elas podem, o país precisa”. O conteúdo enaltecia as mulheres pioneiras no país no combate à desigualdade, à violência e à opressão ao sexo feminino. Dentre elas Antonieta de Barros, primeira catarinense eleita para o cargo de deputada estadual, em 1935.
Fonte: TRE/SC
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