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Direitos Humanos

Lageana faz parte de programa da ONU premiado com o Nobel da Paz

  • Combater a fome é uma das principais ações desenvolvidas por Mariana ao redor do mundo

    Arquivo pessoal

Mariana trabalha em ONGs de direitos humanos desde 2014. Atualmente, está em Moçambique

Formada em Direito (UFSC), com Mestrado em Direitos Humanos e Democratização (Centro Europeu Interuniversitário para Direitos Humanos e Democratização), a lageana Mariana Rocha (35) se destaca pelo mundo com seu trabalho. 

Desde 2014 atuando em ONGs de Direitos Humanos, neste ano teve a carreira consagrada por fazer parte do Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA), reconhecido com o Prêmio Nobel da Paz.

Atualmente, Mariana mora em Moçambique e conversou com o Folha da Serra sobre esse trabalho.

Folha da Serra: Mariana, como aconteceu a tua trajetória até chegar à ONU?

Mariana Rocha: Após o mestrado, iniciei minha carreira profissional na Europa, na área de Direitos Humanos. Trabalhei em Bruxelas até 2014 em ONGs da área e no Parlamento Europeu, para dar destaque a violações de direitos humanos que acontecem em diversos países na União Europeia, e cheguei à ONU.

 Que trabalhos você já desenvolveu para essas agências? 

Eu ingressei no Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA) em 2014, no escritório do Brasil: o Centro de Excelência contra a Fome do PMA. O trabalho do Centro de Excelência acontece no apoio a países na construção de programas alimentares sustentáveis, ligando agricultura familiar, alimentação escolar e nutrição. Do Centro de Excelência, trabalhei com vários países na África e na Ásia, recebendo-os no Brasil e viajando até eles para reforçar as trocas sobre boas práticas na área e prestar assistência técnica aos governos. Entre esses países, está Moçambique, que venho apoiando desde 2018 e para onde me mudei no início deste ano, para trabalhar diretamente no escritório daqui.

 Onde você vive atualmente e o que faz? 

Atualmente, trabalho na área de alimentação escolar no escritório do PMA em Moçambique. Nós apoiamos o Governo de Moçambique a alimentar mais de 250.000 crianças em escolas primárias do país. A alimentação escolar incentiva as crianças a frequentarem a escola e atende às necessidades nutricionais dos alunos, melhorando a saúde e as capacidades para avançarem em sua educação.

Hoje, você se dedica ao PMA, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Do que se trata esse programa, quais países e quantas pessoas atinge? 

O Prêmio Nobel da Paz é um grande reconhecimento do trabalho que o PMA desempenha há mais de cinco décadas para prestar assistência alimentar às populações mais vulneráveis em razão de conflitos ou desastres naturais. É uma honra para toda a equipe da organização que está presente em mais de 80 países e trabalha para que 100 milhões de pessoas sejam assistidas, muitas vezes, em circunstâncias bastante desafiadoras. Este reconhecimento chega em um momento crítico em que nós vemos a fome aumentando no mundo há alguns anos, que foi agravado pelos impactos da Covid-19.

 Gostaria que você falasse como é fazer esse trabalho, convivendo em comunidades tão fragilizadas e ameaçadas. 

É um trabalho desafiador porque muitas vezes estamos em locais onde falta o básico, tanto em termos de condições de vida para as comunidades quanto em termos de condições dos locais onde trabalhamos. Portanto, é necessário ter energia para cuidar dos elementos centrais dos programas, mas também apoiar outros aspectos que são essenciais para o seu funcionamento e, às vezes, faltam, como por exemplo, água nas escolas. Do ponto de vista pessoal, é um constante aprendizado, porque cada contexto específico tem muito a ensinar e precisa ser entendido, e há sempre novas experiências. É essencial ter interesse e respeito por realidades diferentes e flexibilidade para se adaptar.

 Você poderia destacar alguma situação que te marcou durante a sua atuação nesse programa? 

Participar das distribuições de cestas de alimentos nas escolas neste período de pandemia foi uma experiência muito gratificante. Como as aulas foram interrompidas, estamos distribuindo cestas para as famílias para continuar apoiando as crianças nesse momento e incentivá-las a dar continuidade aos estudos. É gratificante ver como essa assistência faz a diferença em comunidades afetadas pela insegurança alimentar, mas também como as distribuições têm acontecido de forma organizada e com respeito de todas as medidas de prevenção à Covid, mesmo nos contextos mais difíceis.

Você pode ser inspiração para que outras pessoas queiram atuar em áreas de defesa dos direitos humanos. De que forma chegar lá? 

Promoção dos direitos humanos é um trabalho que pode ser feito e é necessário em qualquer lugar, pois em todos os lugares temos mulheres, homens e crianças que não têm seus direitos respeitados ou garantidos. Há muitas organizações que fazem esse trabalho e prestam apoio a comunidades carentes, e pode-se começar pelo trabalho local.

Para quem tem interesse em trabalhar em outros países, é importante falar outros idiomas. O conhecimento acadêmico é relevante - em Direito, Relações Internacionais ou outras áreas de trabalho - mas também é necessário competências operacionais como, por exemplo, na área de gerenciamento de projetos. Há muitas oportunidades, ONGs internacionais ou com o sistema das Nações Unidas, inclusive o da plataforma de voluntários da ONU (UNV), e vão muito além do direito.

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