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Lages, 254 anos e com muitos encantos

  • O entorno da Catedral Diocesana, um dos símbolos da cidade, já passou por revitalização

    Mauro Maciel

Volta e meia a gente reclama do clima, de algum problema no bairro ou até da atitude de alguém, mas é inegável que o município de Lages tem seus encantos. Quem não conhece ao menos uma pessoa que veio visitar ou trabalhar na cidade e a adotou como lar? Nós mesmos podemos até reclamar, mas, como diz o serrano, não arredamos o pé. E é com este apego que essa terra de tropeiros vai completar 254 anos no próximo domingo (22) e com muito a comemorar. 

Basta um olhar mais atento para perceber o que atrai tanto as pessoas que vivem aqui. Em qual cidade de porte médio do Brasil se pode caminhar tranquilamente à noite pelas ruas, ou praticar esportes até de madrugada? Poucas, com certeza. O índice de assaltos é quase zero em uma cidade que configura entre as 10 maiores de Santa Catarina.

Para quem não tem essa sensação de segurança, Lages oferece outros atrativos. Quem sabe o pôr do sol no Salto Caveiras ou no Parque Jonas Ramos, o Tanque. Isso que não estamos falando da Localidade da Coxilha Rica, que dispensa comentários.

Tem também o Rio Caveiras. O nível é tão constante que não falta água nem mesmo nos períodos mais prolongados de estiagem. A qualidade da água é tanta que a Semasa praticamente não precisa utilizar produtos para depurá-la, já é quase potável. É que o Caveiras nasce entre os municípios de Painel e Urupema e não sofre agressões até chegar a Lages.

Também temos praças e um parque natural em pleno perímetro urbano, privilégio de poucos. Lá se pode ver o esplendor da Mata Atlântica, suas araucárias e animais, isso a uns oito quilômetros do Centro da cidade.

São tantas riquezas e atrativos naturais e artificiais que fica difícil descrever todos. Mas o principal não pode ser esquecido, é o lageano. Povo simples e trabalhador que faz juz à fama de acolhedor. Quem sabe, essa aptidão seja resquício do tempo dos tropeiros, quando as fazendas acolhiam os viajantes que transportavam gado do Rio Grando do Sul até Sorocaba em São Paulo. Fato é que aqui as pessoas olham nos olhos umas das outras e não faltam cumprimentos nas ruas. É um município que cresceu, mas manteve suas características, suas raízes.


Polo macrorregional 

Santa Catarina tem 295 municípios. Lages é o quarto mais antigo. Foi fundada depois de São Francisco do Sul, Laguna e Florianópolis. Em território, chegou a ser um dos maiores municípios do Brasil. Da divisa com o Rio Grande do Sul até a Serra do Rio do Rastro, tudo era Lages. Com o passar do tempo foi desmembrada, cedendo espaço a outros municípios e, mesmo assim, continua o maior do estado.

Sua localização privilegiada, quase no centro do estado, atraiu e facilitou a instalação de vários empreendimentos. Atualmente a cidade é polo em Educação, Saúde, Comércio e Serviços. Tem universidades que atendem acadêmicos dos três estados do Sul do Brasil, entidades que oferecem cursos técnicos e ampla rede de escolas particulares, municipais e estaduais.

Na Saúde oferece cinco hospitais, inclusive o Tereza Ramos, que com a ampliação figura entre os maiores do Estado. Cada hospital tem uma ou mais especialidades e atendem pacientes da Serra e de outras regiões, uma população de quase um milhão de pessoas.

Essa rede tem o suporte de clínicas médicas, de imagem e laboratoriais.

De atendimento a queimados a cirurgias cardíacas, tudo é feito em Lages. A estrutura ganhou ainda mais destaque com a pandemia. Todo o atendimento da região é concentrado na estrutura de saúde de Lages.


Presente sólido, futuro promissor

Em 2002, o Produto Interno Bruto de Lages (PIB) era de R$ 1,1 bilhão. Esse é o cálculo de toda a riqueza produzida no município. Dobrou em 2008, com R$ 2,2 bilhões. Bastaram quatro anos para que em 2012 atingisse R$ 4,083 bilhões e o último cálculo divulgado com base na movimentação em 2017 era de R$ 5,074 bilhões. 

O que todos esses números mostram? Que o município vem de uma crescente. É mais riqueza sendo produzida o que representa maior número de postos de trabalho e melhor qualidade de vida. É claro que o município tem problemas e muitas pessoas estão desempregadas, afinal essa é a realidade nacional. Mas entre quase 300 municípios catarinenses, Lages representava a 11º economia em 2017.

Mesmo com todos os problemas econômicos nacional e com a Covid, que prejudicou a economia mundial, Lages respira. Registra a instalação da Berneck, que já ocupa centenas de pessoas no processo de construção e, quando entrar em operação, responderá por mais de dois postos de trabalho entre diretos e indiretos. O Comércio também se destaca com a instalação de novas lojas e novas empresas são vistas em todos os pontos da cidade.

"Lages tem uma história incrível em Santa Catarina. No passado, éramos referência estadual em população, infraestrutura, arte, política e em economia. Com o passar do tempo, nossa região assistiu outras prosperarem muito mais que a nossa, mas estamos retomando o crescimento. Esse é o nosso foco, reacelerar a economia, a geração de emprego e renda, fazer com que a madeira, a pecuária e a produção de grãos contribuam com outros setores neste processo. Estamos recebendo vários investimentos. A gente é muito otimista quanto ao futuro de Lages para os próximos quatro anos," avalia o prefeito de Lages, Antonio Ceron.

Um pequeno histórico  

Dois séculos após a descoberta do País, no sul, enquanto o litoral ia sendo explorado, o planalto permanecia desconhecido; era apenas o sertão selvagem, atravessando de longe em longe por alguns poucos exploradores destemidos. Só na segunda metade do terceiro século é que se levantou a primeira povoação no plantio: Lages (1766). Vencida a barreira natural - a serra do Mar - lançaram-se fundações no sertão, permanecendo longo tempo isoladas. O homem do litoral dedicou-se à agricultura e ao comércio, e o do planalto ao pastoreio, só muito mais tarde este ampliou o campo de suas atividades, ao dedicar-se também à extração do pinho e do mate. O comércio de gado, de paulistas e mineiros, com estrangeiros do Continente do Rio Grande de São Pedro, veio animar o povoamento da região dos Campos de Lages, elo natural da estrada "que corria pelo planalto, paralela ao litoral, e que partindo de Sorocaba (São Paulo), se interna pelos campos gerais do Sul da Capitania", hoje território paranaense e catarinense. Desconhece-se, todavia, quem devassou o território e iniciou a colonização. O certo é que Francisco de Souza Faria, ao abrir a chamada estrada dos Conventos (1728), por ordem do governador da Capitania de São Paulo, Antônio da Silva Caldeira Pimentel, encontrou o caminho assinalado por inúmeras cruzes, fazendo supor haverem os jesuítas já atingido aquelas paragens em sua missão de catequese. A ocupação da ilha de Santa Catarina pelos espanhóis fez com que o governo colonial cogitasse da construção de uma estrada para fins militares, do planalto, em Lages, ao litoral catarinense, para melhor enfrentar a ameaça de invasão espanhola ou incursões de piratas de outras nações. Assim, 1787. O governador da Capitania de Santa Catarina, cumprindo ordens do vice-rei D. Luís de Vasconcelos, ordenou a construção de uma estrada entre São José (Desterro) e a vila de Lages, encarregando da obra o alferes, depois capitão, Antônio José da Costa estrada cujo traçado perfeito seria aproximadamente a mesma construída, um século mais tarde (em 1888), pelo engenheiro militar, Augusto Fausto de Souza. 

Fonte: Biblioteca IBGE

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